Estava eu a confabular com meus botões, de como as pessoas se modificam ao assumir qualquer cargo público. Aí me veio a história ( ou estória) do compadre Elpídio, caboclo velho lá da nossa zona rural.
Certa feita, ele nos contou, entre um gole e outro da "mardita", lá na birosca do Zé Peruca, enquanto passava o giz no taco de bilharito. -Sabem a Firmina, a filha da comadre Cota? -Ela agora é quem manda entrar ou sair, para falar com o chefe da cidade, com a maior "artoridade" que lhe é conferida. -A Firmiiiiina? -perguntou meio espantado e com um jeito zombeteiro o Pamonha, também morador das paragens. -Verdade! -continuou o nosso informante. Todos naquele momento se aprochegaram ao Pipi (como era chamado também, o Elpídio), -Cuma tu soube disso rapaz? -indagou o Xexéu, antecipando-se aos demais. Elpídio toma mais uma "lambada", suspira e começa a sua saga. -Foi assim: -a semana passada eu resolvi ir até a cidade pra falar com o "chefe" e "proguntar" sobre quando ele vem aqui de novo pra resolver o "pobrema" do ramal e da nossa ponte, que ele prometeu a uns quantos anos. -Ao abrir a "premeira" porta, dei de cara com ela, a Firmina -mas fez que não me reconheceu. -Arrisquei um ôi e ela apenas balbuciou um bom-dia. Eu quiz dizer que era o Pipi aqui da vila Sororoca, e que tinha viajado quatro horas no lombo do animal e mais cinco de remo. Mas ela sempr atendendo ao telefone, apontou-me um duro banco onde já se comprimiam uns 30 espectadores, pra falar com o "homi". -Desde a hora que cheguei às 8, contei mais de dez "impalitozado" que passavam a nossa frente e a Fifi sempre recebia com beijinhos e enorme sorriso no rosto. -Já passava do meio dia e apenas cinco daqueles pacientes "correligionários" do "homi" foram atendidos -mas, pela cara deles levaram"cano", poi sempre mandavam passar prá semana. -Aí a barriga começou a "roncar". Desci, e o "premeiro" vendedor de "tula" e caldo-de-cana que encontrei pela frente, satisfiz as "tripa". -Meia hora "dispois" eu voltei. Não vendo mais niguém dos que estavam no banco, logo pensei : agora é minha vez. Mais meia hora e eu impaciente, "proguntei" pro cidadão que varria a sala sobre eles. -Foram todos embora, acabou o expediente, agora só segunda-feira . -disse ele. Confesso que tive um ataque de nervo tão grande, que a velha úlcera respondeu logo em seguida. Mas também decidi nunca mais botar os "pé" ali.
Após um pequeno silêncio, o Canjica perguntou: -e a Firmina, Pipi ? Nunca mais vi. Mas ao chegara à rua, deu pra enxergar ela entrando no carona de um carrão e me fitou, parecendo "dizê": "Xò, caipira! -Nisso se antecipa o Pamonha e diz: -É compadre Pipi, ela já não lembra do tempo da roça, quando se chamava apenas Fifi Capoeirinha. -Aí todos nós caimos na gargalhada e cada um foi pro seu canto, naquela fria madrugada de inverno e no enlamaçado ramal, atolando até as "canela" e tal "bêbado equilibrista", "atravessemo" a ponte quase a despencar. -Inda deu tempo de ouvir o compadre Maneco gritar antes de entrar no escuro caminho que dava pra sua casa : - -Esses "fdp" inda vão "vortar" aqui com nós pra pedir os mais de 100 voto da "cumunidade", mas só se "fô" na ficha, por que fiado nunca mais, -"Agora nas próxima inleição, os importante semos nós!"
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