sexta-feira, 24 de junho de 2011

TORRE DE PAPEL

Tive um amigo que ( felizmente ?) já partiu desta para a outra, que levou a vida sonhando (literalmente), vir a ser um importante político. Ele não só sonhava como era acometido de verdadeiros pesadelos, tamanha era a sua obstinação.
Tosa as vezes que o encontrava, ele me penitenciava a ouvir um sacrificante e tedioso rosário, onde tecia todos os seus predicados que um dia o levariam à "espinhosa" carreira política. Segundo ele: era amigos de todos e honesto; só puxava o saco de quem tinha dinheiro; ajudava o próximo; participava de show de caridade; trabalhava pela cultura promovendo festas de "rebolattion" e brega; visitava e ajudava comunidades carentes; chorava em velórios alheios; se despia para dar (opa!) a roupa ao descamisado; enfim, se considerava um cidadão totalmente voltado para as causas sociais. E finalisando, sempre me perguntava o que eu achava de seus "invejáveis atributos".
Certa vez , num desses "dolorosos" (para mim) encontros, contou-me mais uma de suas fantasiosas elucubrações eletivas, dizendo que um certo dia sentiu-se no topo de uma imensa montanha de votos , -eram votos e mais votos incontáveis votos, que até pensou em distribuir com seus concorrentes -assegurou-me. Sua alegria era incontida e não sabia como retribuir àquela gente, tantos sufrágios a ele destinados. Sua modesta casa estava repleta de admiradores e correligionários, o que não faltavam era vivas e parabéns, pela brilhante façanha. Até alguns parentes que moravam em Piri-Piri no Estado do Piaui, juntamente com a sogra (que nunca o viu com olhos), dada a sua condição de (digamos) puxa-saco de político, chegara com armas e bagagens, para saldar o genro (agora) ilustre. A festa como ele sempre previa, varava a madrugada e ele em cima daquela verdadeira montanha de votos.
Em dado momemto nosso "estreante" político, sentiu suas pernas falsearem e de repente começa a desabar do "alto dos seus incontáveis votos". Soltou um grito aterrorizante, acordando a mulher. Meu amigo tinha caído da cama. Ele acabara de ter mais um dos seus tenebrosos pesadelos eleitorais - o que lhe deu como "recompensa", um braço fraturado.

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